Prezado pequeno Rapha,
primeiramente, saudades. Desde a infância que não te vejo. Hoje nessa carta vou tentar lembrar como era minha vida por aí e comparar com o que acontece hoje por aqui. Já vou adiantando que a coisa aqui tá muito mais hightech. Prova disso é por onde estou escrevendo para você.
Lembro bem que até por volta dos nossos 10 anos de idade, nossa vida tecnológica se resumia a alugar jogos de SNES na locadora do bairro e vez ou outra comprar uma revista CD Expert (com um CD de jogo de brinde!) para jogar no nosso lentíssimo PC. Como esquecer o fatídico dia em que um CD quebrou dentro do drive? Choramos até.
Internet? Responde para mim se a gente sabia o que era isso naquela época?! Internet não era coisa pra gente comum. Os especialistas a faziam para si mesmo e eles usufruíam o que ela oferecia. Montavam ela inteirinha, moldavam entre si e jogavam para as pessoas, tudo mastigado. Isso era o que chamamos agora de Web 1.0. O problema é que quase ninguém sabia como ela funcionava e ninguém podia fazer ela funcionar do seu jeito. O usuário era secundário nessa época, apenas o objetivo. Ficava naquele impasse. A gente mesmo ficou nisso. Primeiro que não existia Internet gratuita (dá-lhe cdzinho de brinde da AOL com 100 horas de conexão), segundo que não tínhamos grandes motivações pra navegar na Web. Tudo era muito igual e obscuro. Nós até confundíamos Internet com e-mail. Acredito que somos parte da regra e não da exceção nesse caso. Pra comprovar isso, vamos avançar para nossos 15 anos.
Lembro que essa época começou quando tínhamos 13 anos, mas o ápice foi aos 15. MSN, Orkut e IG (pra citar os que a gente usava). Agora sim. Conversar com a galera sem precisar sair de casa, colocar um nick pra se diferenciar de todo mundo e (foi só uma vez, você sabe) se fingir de mulher pra enganar os caras chatos do colégio. Ou então criar um perfil no Orkut e encher ele de dados pessoais pra mostrar pra todo mundo quem era a gente e ver perfis alheios como passatempo. Blogs começam a aparecer também, mas ainda não era tão fácil assim ter um. Um ou outro amigo nosso no Orkut tinha blog. E a Internet gratuita tinha suas limitações também. Entrar só Sábado a partir das 14 horas e no Domingo não era muito agradável.
Apesar disso nós já estávamos na Web 2.0. Por quê? Ora, nessa época começávamos a descobrir os softwares livres, a ficar horas na frente do computador pesquisando sobre variados assuntos, a querer ter uma identidade virtual e a usar a Internet como um dos principais meios de ficar sabendo das coisas. Longe de ser como é hoje, 2005 já apresentava traços dessa nova Web, mais subjetiva, particular, dinâmica e facilitada. Com a mudança do olhar para o usuário como detentor da Internet, ela se popularizou enormemente e começou a crescer por conta própria. Todo mundo ajudava a aumentá-la, consciente ou inconscientemente. Lógico que a gente estava no meio. O resultado é esse que te mostro em 2010.
Tenho 6 blogs incluindo esse, tenho perfil no Orkut, MySpace e Twitter, assino feed em 5 sites e recebo mais de 150 notícias por dia(e isso é muito pouco) e continuo fiel ao MSN. Mantenho-me informado com o que leio na Internet e faço dela uma espécie de segunda casa. É incrível. Eu faço a minha própria Internet e a ajudo a crescer, assim como todo usuário. A Web 2.0 é cada um de nós. Essa é a principal diferença daquela Internet em 1999, a qual não tínhamos domínio nenhum. Dependemos da Web 2.0 para quase a totalidade de nossas ações na sociedade.
Saudades do nosso tempo juntos.
Ass: Raphael Vieira Pires
3 comentários:
bonita a cor do blog, sério!
A D O R E I, Raphael!
Excelente o texto, que traduz em experiência o conteúdo lido e o entendimento sobre o tema.
Parabéns! Para não deixar passar, uma img iria ajudar :)
Um abraço,
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